Fevereiro Laranja - Dando continuidade a Conscientização sobre a Leucemia: LMA (Leucemia Mielóide Aguda)
A Leucemia Mielóide Aguda (LMA) é uma doença grave, que acomete a medula óssea e se manifesta em pouco tempo.
O sangue tem 3 componentes celulares principais: glóbulos vermelhos, glóbulos brancos e plaquetas. Todas estas células são produzidas na medula óssea (corresponde ao que conhecemos como tutano) e se originam de uma célula tronco ou “célula mãe”. Essa célula tronco se divide em outras células tronco (continuando o processo) e parte delas vai ficando mais velha, mais madura e mais “especializada”. Na leucemia mielóide aguda, ocorre uma alteração da célula que estava se especializando em ser um glóbulo branco do tipo mielóide. Para que fique um pouco mais claro, colocamos um esquema abaixo:
A LMA é uma doença pouco comum. Segundo o INCA, houve 11.540 casos novos no Brasil no ano de 2022. A incidência é um pouco maior entre os homens. Pode ocorrer em qualquer idade, mas é mais frequente com o aumento da idade, portanto, mais frequente nos idosos.
A causa da LMA é incerta. Existe alguns fatores mais evidentes como a radioterapia ou quimioterapia utilizada para outras doenças. Há ainda uma associação com agrotóxicos, benzeno, solventes, formaldeído, tabagismo e uma relação com algumas doenças genéticas, como a Síndrome de Down.
A anemia por falta de ferro, que é anemia mais comum, NÃO se transforma em leucemia. Existe sempre uma preocupação dos pacientes quando apresentam uma anemia persistente de que ela possa se transformar em leucemia. A leucemia em geral, é chamada de novo, ou seja, surge sem ter uma doença sanguínea prévia. Existe a leucemia secundária que ocorre após o diagnóstico prévio de uma doença chamada mielodisplasia.
Os sintomas da LMA são fraqueza, infecções e sangramentos. Isso acontece, respectivamente, por anemia, queda dos glóbulos brancos normais e das plaquetas. Isso porque a medula óssea fica repleta de células doentes que ocupam o espaço da medula normal que deixa de produzir os componentes normais do sangue. Os sintomas aparecem em poucos dias, máximo, poucas semanas.
O diagnóstico é feito com o hemograma que, na maioria das vezes, já mostra a presença de células doentes e redução dos glóbulos vermelhos, brancos e plaquetas. Deve-se fazer outros exames na medula óssea: mielograma, imunofenotipagem, cariótipo e análise molecular. A LMA é uma doença com diversos subtipos e, fazer a adequada caracterização desses subtipos é fundamental para que se opte pela melhor estratégia de tratamento. Com os exames referidos acima, definimos a LMA em 3 categorias de risco: risco baixo, intermediário e alto risco. Este risco está associado à chance de controle e cura da LMA.
O tratamento baseia-se em quimioterapia e transplante de medula óssea (TMO), principalmente. Atualmente, existem “drogas alvo”, que são medicamentos que agem em alterações específicas de alguns subtipos de LMA e podem ser usados isolada ou em associação com a quimioterapia. O transplante de medula óssea é parte final da terapia da LMA. A escolha do tratamento da LMA se baseia no subtipo da LMA, idade e condições clínicas do paciente.
Houve uma evolução impressionante na área da Hematologia nos últimos anos. A controle da LMA está melhorando progressivamente com essas novas drogas e com a possibilidade de transplante de medula óssea para grande parte dos casos, com o uso de doadores alternativos.
Texto elaborado pela Dra. Maria Cristina Martins de Almeida Macedo – CRM 61597 – Médica Hematologista pela USP e Coordenadora de Equipe de Transplante de Medula Óssea da BIO SANA'S e Médica Hematologista e de Transplante de Medula Óssea da Rede DASA.