Fevereiro Laranja - Finalizando o Mês de Conscientização a sobre a Leucemia: LLA (Leucemia Linfóide Aguda)
A Leucemia Linfoblástica Aguda (LLA) é um subtipo de leucemia aguda, sendo o câncer pediátrico mais comum, porém afeta também adultos de todas as idades. Esta neoplasia hematológica, ocorre através de mutações/transformações nas células progenitoras linfóides da medula óssea, acarretando na proliferação não controlada de uma célula progenitora doente, o blasto linfóide. Posteriormente, ocorrendo substituição da medula óssea saudável pelas células malignas e com alto potencial para infiltração de outros tecidos, como o sistema nervoso central (SNC) e testículos.
A Sociedade Americana de Oncologia e Hematologia, estima que nos Estados Unidos ocorrem mais de 6.600 novos casos de LLA por ano e ocorrem cerca de 1.600 mortes ao ano. Aproximadamente 60% de todos os casos de LLA ocorrem em crianças, com um pico de incidência entre 2 e 5 anos de idade e um segundo pico ocorre após os 50 anos, correspondendo há cerca de 20% de todas as leucemias em adultos.
Os sinais e sintomas da LLA podem se manifestar desde alguns dias até semanas antes do diagnóstico. Os sintomas iniciais mais comuns são decorrentes da hematopoese alterada, com consequente anemia, queda de plaquetas e da imunidade. Pode ocorrer também aumento dos gânglios linfáticos/linfonodomegalias e baço.
O diagnóstico geralmente é feito através de alterações no hemograma e a presença de blastos linfóides no sangue periférico e/ou medula óssea.
Existem diversos fatores que influenciam no prognóstico da doença, como a apresentação inicial, alterações genéticas/moleculares e resposta ao tratamento inicial. Tais alterações podem determinar o risco de recorrência ou falha terapêutica, indicando a necessidade de tratamentos mais intensos, como o Transplante de Medula Óssea (TMO).
Existem diversos protocolos de tratamento para LLA, sendo a maioria deles protocolos prolongados, variando de 1 a 2 anos, com múltiplas drogas e mecanismos de ação distintos. Os esquemas terapêuticos podem mudar de centro para centro, mas os protocolos modernos invariavelmente são constituídos de cinco grandes fases: indução da remissão, intensificação-consolidação, reindução, prevenção da infiltração da leucemia no sistema SNC e manutenção da remissão.
As células leucêmicas podem reaparecer após o tratamento inicial na medula óssea, no sistema nervoso central, nos testículos ou em outros locais. A recidiva é particularmente grave e caracteriza um pior prognóstico. Embora um novo ciclo de quimioterapia possa induzir uma segunda remissão na maioria das crianças e cerca de um terço dos adultos, as remissões subsequentes tendem a ser breves. Para esses casos, há a indicação da realização do TMO e até mesmo, terapias mais modernas que já estão disponíveis em casos específicos.
Novas estratégias imunoterápicas mostram resultados impressionantes na LLA recidivada e/ou refratária, como por exemplo os anticorpos monoclonais, como o blinatumomabe e o Inotuzumabe. Assim como a terapia celular com CAR-T, que são células modificadas ou geradas a partir das células T do paciente, que induzem a remissão nos pacientes com leucemia linfoblástica aguda recidivante com notável eficácia, embora com toxicidade significativa.
A abordagem de um paciente com LLA é um desafio para o Hematologista e toda equipe multidisciplinar. Seja pela gravidade da doença, pela intensidade do tratamento, ou até mesmo devido as internações prolongadas e recorrentes. Nos últimos anos, houve um avanço importante no tratamento da LLA, principalmente dos casos recidivados/refratários, porém segue a necessidade de maiores estudos da doença e terapia com maior eficácia e menor toxicidade.
Texto elaborado pelo Dr. Lauro Augusto Caetano Leite médico Hematologista e especialista em Transplante de Medula Óssea da Equipe BIO SANA’S de Hematologia e Transplante de medula óssea (TMO) e da rede DASA.