O transplante de medula óssea, também chamado transplante de células tronco hematopoiéticas é um tratamento intensivo, que requer muito sacrifício do paciente e da família. Utilizado para curar diversas doenças oncohematológicas como leucemia agudas, síndrome mielodisplásica, mieloma múltiplo, linfomas, entre outras e algumas doenças benignas como aplasia de medula, anemia falciforme e outras doenças imunológicas mais raras, o transplante de medula óssea exige afastamento do paciente de suas atividades habituais, profissionais e sociais. O tempo de afastamento é variável de acordo com a gravidade da doença e de complicações que podem advir do transplante de medula óssea. Há ainda os impactos emocional e financeiro do paciente e das pessoas em seu entorno. 

Rodrigo Cristiano Machado, 47 anos, recebeu um transplante de medula óssea em abril de 2013 por ser portador de leucemia mielóide aguda no Instituto Brasileiro do Controle do Câncer. Tivemos a oportunidade e o privilégio de conhecê-lo a ele e sua esposa profundamente durante todo o tratamento da leucemia, durante o transplante de medula óssea e durante outros períodos de complicações. Porque não foi só o transplante de medula óssea, mais houve ainda recaída da doença pós transplante de medula óssea (sob a forma de sarcoma granulocítico), cirurgia, mais quimioterapia, infusão de linfócitos da doadora, infecções... Jornada difícil e longa.

Em fase de recuperação ainda, compartilhamos da sua decisão de participar dos Jogos Mundiais dos Transplantados em Málaga, ano de 2017. Determinado, Rodrigo treinou, participou, ganhou 5 medalhas e quebrou recorde em uma das categorias da natação.  Em 2018, participou do Latino Americano dos Transplantados na Argentina. 

Em agosto de 2019 pudemos vê-lo novamente nos Jogos Mundiais dos Transplantados que ocorreu em New Castle, Inglaterra. Muito inserido no meio de outros pacientes, seguiu novamente animando, participando e por fim ganhou mais algumas medalhas!! 1 ouro, 1 prata e 3 bronzes!

Entre todas essas conquistas esportivas, teve de obter outras como a reinserção em seu meio de trabalho. Para maior parte dos pacientes esses pode ser um grande desafio. Descobriu, inclusive, o que hoje nos parece óbvio, que é sua “veia motivacional”. Conseguiu tirar do transplante de medula óssea lições que o tornaram melhor, segundo ele próprio.

A todos os transplantados e familiares, que essa história possa passar um pouco daquilo que nós que trabalhamos com o transplante de medula óssea temos sentido frequentemente no contato com Rodrigo e sua querida Cris: Alegria e Fé.