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Mieloma Múltiplo

Mieloma Múltiplo
Mieloma Múltiplo

O mieloma múltiplo é um tipo de câncer que afeta as células plasmocitárias (ou plasmócitos) da medula óssea. Os plasmócitos produzem imunoglobulinas clonais que podem causar lesões ósseas, anemia, lesões renais.

O quadro clínico do mieloma múltiplo pode variar de acordo com cada paciente, mas alguns sintomas comuns dessa doença incluem:

  1. Dor óssea
  2. Fadiga e fraqueza
  3. Infecções frequentes
  4. Anemia
  5. Problemas renais
  6. Aumento da suscetibilidade a fraturas

Na suspeita de Mieloma Multiplo, inicialmente devem ser avaliados:

- Hemograma completo

- Dosagem de Cálcio sérico e creatinina

- Eletroforese de proteínas e Imunofixação de proteínas séricas e urinarias

- Quantificação de Cadeias leves livres – Kappa e Lambda

- Quantificação de imunoglobulinas

Para confirmar o diagnóstico de mieloma e classificação de riscos, devem ser avaliados infiltração dos plasmocitos na medula óssea e possíveis lesões de órgãos-alvo com:

- Biopsia de Medula óssea com imunoistoquimica

- Aspirado de medula óssea, imunofenotipagem e FISH (quando disponível)

- Dosagem de albumina sérica, DHL, Beta2 microglobulina

- Exame de imagem para avaliação de lesões ósseas ou tumores (plasmocitomas)

Antes de desenvolver mieloma ativo, os pacientes passam por dois estágios iniciais da doença. Esses estágios precursores são gamopatia monoclonal de significado indeterminado (GMSI) e mieloma múltiplo indolente, smoldering ou assintomático (SMM)

A GMSI é uma fase pré-maligna, ou seja, NÃO é Cancer. É caracterizada por um nível baixo de proteína monoclonal sem lesões de órgãos-alvo.

É uma condição benigna em que apenas 20% dos portadores irão progredir para Mieloma. O risco de progressão para mieloma é de apenas 1% ao ano. Os pacientes que possuem essa alteração deve ser acompanhada por um Onco-Hematologista.

O mieloma assintomático ou indolente (SMM) é caracterizado por ser assintomático. Nesses casos, os pacientes não apresentam anemia, disfunção renal, lesões ósseas, porém apresentam níveis mais aumentados da proteína monoclonal no sangue e aumento dos plasmocitos na medula óssea.

Nesse caso, deve-se manter um seguimento próximo com hematologista para avaliação de necesidade de tratamento caso progrida para Mieloma ativo ou sintomático.

A escolha do tratamento inicial de pacientes com Mieloma Múltiplo (MM) sintomático depende, basicamente, de dois fatores:

  1. Estratificação de risco (dados de quão agressiva é a doença) - através da técnica de FISH e escores como R-ISS
  2. Elegibilidade para transplante autólogo de células hematopoiéticas. (Se o paciente tolera o Transplante de Medula Óssea, TMO)

O tratamento de mieloma múltiplo evoluiu e expandiu nas ultimas décadas com a descoberta e introdução de novas drogas.

Atualmente, dispomos de diversas classes de drogas que em associação trouxeram melhores respostas e controle de doença. São elas:

- Imunomodulares: Talidomida, Lenalidomida, Pomalidomida

- Agentes alquilantes: Melfalano e Ciclofosfamida

- Inibidores de proteassoma: Bortezomibe, Carfilzomibe, Ixazomibe

- Anti-CD38: daratumumabe, isatuximabe

- Anti-SLAMF7CD38: Elotuzumabe

- Biespecificos: Teclistamabe, elratamabe, talquetamabe

- Terapia com CAR (CAR-T): Ide-cel, Cilta-cel

Mesmo com a descoberta e disponibilidade de novas drogas, o Transplante de Medula Óssea Autólogo (ATMO) para o Mieloma Múltiplo (MM) ainda é o tratamento padrão-ouro para os pacientes que são elegíveis a terapia de alta intensidade.

Por se tratar de uma doença incurável na maioria dos pacientes, o principal objetivo do tratamento no MM é atingir uma resposta boa e duradoura, com a melhor qualidade de vida.

Diversos estudos clínicos comprovaram que a realização de um tratamento quimioterápico de indução, seguido do ATMO, consolidação e manutenção, resultaram em maior tempo de sobrevida livre de progressão (maior tempo sem a doença retornar em atividade) e maior sobrevida global dos pacientes, sendo hoje a estratégia mais utilizada para os pacientes elegíveis.

 

Referências:

  1. Rajkumar SV, Dimopoulos MA, Palumbo A, et al. International Myeloma Working Group updated criteria for the diagnosis of multiple myeloma. Lancet Oncol 2014; 15:e538.
  2. M. A. Dimopoulos. Et al.  Multiple myeloma: EHA-ESMO Clinical Practice Guidelines for diagnosis, treatment and follow-up. Ann Oncol. 2021 Mar;32(3):309-322
  3. Binod Dhakal MS et al. Autologous Transplantation for Newly Diagnosed Multiple Myeloma in the Era of Novel Agent Induction A Systematic Review and Meta-analysis JAMA Oncology March 2018 Volume 4, Number 3

Texto elaborado pela Dra. Patrícia Miki Yamamoto, Médica Hematologista especialista em transplante de medula óssea da Equipe BIO SANA’S, Hospital São Camilo Pompéia e IBCC Oncologia (Instituto Brasileiro de Controle do Câncer).

@‌biosanas
@‌ibcconcologia
@‌hospitalsaocamilosp

 

Para saber sobre transplante de medula óssea, basta clicar no link abaixo:

https://www.biosanas.com.br/post/160/quais-as-etapas-do-transplante-de-medula-ossea-tmo

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