O home care e a pós-pandemia
A assistência domiciliar (AD), ou home care, reúne diferentes atendimentos em Saúde prestados na residência do paciente, em todo ciclo da vida, da infância à idade avançada, para prestação de cuidados, desde preventivos até os paliativos na terminalidade da vida.
Estudos indicam que essa prática teve os primeiros relatos registrados no Egito Antigo (século XIII a.C.). Em nosso país, a história registra experiências de visitação, ainda ínfimas, a partir de 1949.
Em fase de expansão, a AD tem passado por uma crescente evolução como uma oportunidade operacional para a área, inclusive sendo pauta de discussões de políticas públicas focadas no atendimento da população.
No Sistema Único de Saúde (SUS), a visitação domiciliar da estratégia Saúde da Família e o programa Criança Feliz, que compõem a Política Nacional de Atenção Básica, são iniciativas do governo federal para ampliar o atendimento, especialmente aos cidadãos em situação socioeconômica vulnerável, e diminuir o número de pacientes que esperam por leitos, além de oferecer cuidados a pessoas portadoras de doenças crônicas.
O envelhecimento da população
Alguns índices atuais indicam a crescente demanda da assistência domiciliar no mundo todo, como o envelhecimento populacional e o crescente aumento de prevalência de doenças debilitantes, que desfavorecem o deslocamento.
Dados do Ministério da Saúde, colhidos pela pesquisa Estudo Longitudinal da Saúde dos Idosos Brasileiros (2017-2018), apontam que cerca de 70% de pessoas acima dos 50 anos são acometidas por alguma doença crônica, como as cardiovasculares, respiratórias, diabetes mellitus e neoplasias. Cerca de 30% delas não conseguem realizar atividades cotidianas. Outro dado é que cerca de 66% dos idosos estão com excesso de peso e 18,7% são obesos, 57,1% possuem hipertensão e 25,1% têm diabetes, de um contingente de, aproximadamente, 29 milhões de pessoas (um terço do total da população brasileira). Já se sabe também que, em 2030, o número de cidadãos acima de 50 anos irá superar o de crianças e adolescentes, o que, provavelmente, irá impactar o sistema de Saúde, como um todo.
Este cenário reforça, ainda mais, a importância da assistência domiciliar como estratégia de prevenção e tratamento, por contribuir à saúde da população com vários benefícios, dentre eles, a redução de custos de hospitais e, consequentemente, dos planos de saúde, a redução das infecções hospitalares em pacientes crônicos com complicações, uma melhor convivência do paciente com a família e a humanização e personalização do atendimento.
Assistência domiciliar em tempos de covid-19
No atual cenário, garantir atendimento domiciliar, especialmente aos pacientes que se encaixam nos grupos de risco, é essencial para evitar deslocamento e exposição, mas, também, é uma estratégia de enfrentamento social, apoiando a diminuição da demanda nos hospitais, sobrecarregados pelos casos da doença e por outras patologias.
No entanto, todas as precauções divulgadas pela Organização Mundial de Saúde (OMS), Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e o Ministério da Saúde, com base em cada novo achado científico, precisam ser adotadas nas visitas da equipe à casa do paciente, para evitar a transmissão do vírus entre as pessoas envolvidas, garantindo a segurança de todos: paciente, seus cuidadores, familiares e a equipe de profissionais.
O Centro de Tratamento Avançado de Lesões e Cuidados com a Pele da BIO SANA’S atende seus pacientes de forma ambulatorial e, também, domiciliar. Para o enfrentamento da pandemia, elaboramos dois guias de boas condutas com o intuito de contribuir para evitar a circulação do coronavírus e prevenção do contágio. O primeiro, dedicado aos profissionais da Saúde, traz protocolos de como devem entrar e permanecer no domicílio. O segundo compartilha orientações ao paciente, cuidador e moradores do local para inibir a transmissão por contato direto (pessoa a pessoa) e indireto (mãos, objetos e superfícies), mantendo o domicílio seguro.
Como outra forma de evitar o contágio e manter a assistência à saúde dos pacientes, implementamos o serviço de Teleconsulta de Enfermagem, evitando a visitação, quando isso é possível. Nossas enfermeiras especializadas prestam consultas de orientação, de supervisão do quadro do paciente, entre as visitas presenciais, e, também, acompanhamento daqueles com condições físicas e cognitivas para realizar a troca de curativos, por exemplo. A implementação desse sistema segue as recomendações da Resolução 634, publicada recentemente pelo Conselho Nacional de Enfermagem (COFEN), que também preconiza que a teleconsulta deva ser consentida pelo paciente e registrada em termo, respeitando os preceitos estabelecidos no Código de Ética de Enfermagem.
Assistência domiciliar no pós-pandemia
O momento atual nos faz repensar valores e procedimentos, não só para nossas vidas, mas, também relacionados às atividades profissionais. Na bagagem que levamos destes tempos, percebemos que a implementação de maiores medidas de higiene e os cuidados preventivos para inibir a transmissão de doenças de fácil contágio são cuidados incorporados definitivamente na assistência à saúde, não apenas em hospitais e clínicas, mas, também, no atendimento domiciliar, para que possa oferecer segurança a todos os envolvidos.
Alguns dos cuidados praticados neste período, deverão fazer parte dos hábitos corriqueiros de nosso dia a dia por muito tempo, seja no autocuidado pessoal como no relacionamento social.
Não sabemos quanto tempo a pandemia vai durar, nem se a humanidade enfrentará outras em breve, mas o ser humano já está mais fortalecido, pois, em curto espaço de tempo, criou muitas formas de lidar com as limitações impostas pela pandemia e demonstrou que podemos nos adaptar e buscar novas práticas que garantam o enfrentamento do problema com resultados que beneficiem a sociedade.
Para saber mais sobre este tema ou ter acesso aos guias com procedimentos para as visitações domiciliares, entre em contato com a BIO SANA’S: (11) 5904 -1199
Lina Monetta
Enfermeira Especialista em Dermatologia
Diretora da BIO SANA`S
Referências bibliográficas
AMARAL, Nilcéia Noli do. et al. AssistênciA Domiciliar à Saúde (Home Health Care): Sua História e sua Relevância para o Sistema de Saúde Atual: Rev. Neurociências 9(3): 111 – 117, 2001.
MINISTÉRIO DA SAÚDE, Estudo aponta que 75% dos idosos usam apenas o SUS. Disponível em: https://www.saude.gov.br/noticias/agencia-saude/44451-estudo-aponta-que-75-dos-idosos-usam-apenas-o-sus Acesso em: jul. 2020
FIOCRUZ, Estudo longitudinal da saúde dos idosos brasileiros, 2017-2018. Disponível em: http://elsi.cpqrr.fiocruz.br/a-pesquisa/o-que-e-o-elsi-brasil/ Acesso em: jul. 2020
FREITAS, Renato Garcia. A história da home care no Brasil. Disponível em: https://www.webartigos.com/artigos/a-historia-do-home-care-no-brasil/120711/ Acesso em: jul. 2020
PEREIRA, Cilene. Demanda por home care aumenta e inspira investimento em saúde no País, Revista IstoÉ (29/4/2019), disponível em: https://istoe.com.br/demanda-por-home-care-aumenta-e-inspira-investimento-em-saude-no-pais/ Acesso em: jul. 2020