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Leucemia mielóide aguda por Dra. Camila Menin Simões *

Leucemia mielóide aguda por Dra. Camila Menin Simões *
Leucemia mielóide aguda por Dra. Camila Menin Simões *

Leucemia Mielóide Aguda (LMA) é um câncer que atinge a medula óssea, particularmente um tipo de célula que dá origem aos glóbulos brancos do sangue. Essas células mielóides jovens doentes (Blastos) são incapazes de amadurecer e vão se proliferando na medula óssea e ocupando espaço das células normais. [1]

Os sintomas são decorrentes da diminuição das células que normalmente são produzidas: hemácias (glóbulos vermelhos e responsáveis por transportar o oxigênio), leucócitos (glóbulos brancos e responsáveis pela defesa contra infecções) e plaquetas (responsáveis pela coagulação do sangue). Geralmente iniciam de forma rápida, podendo ocorrer, por exemplo, fadiga, falta de ar, sangramentos, infecções persistentes ou recorrentes, entre outros.

O diagnóstico é realizado basicamente quando evidenciamos os Blastos no sangue ou na medula óssea. [2]

A partir deste momento uma série de exames, simples e complexos, devem ser realizados para classificação do subtipo de leucemia mielóide, bem como para avaliação do prognóstico (estratificação de risco) [3], proporcionando assim o tratamento mais adequado para cada paciente.

O tratamento é baseado em esquemas quimioterápicos. É dividido em duas fases: indução e consolidação. [4]

Na indução, geralmente em regime intra-hospitalar, o paciente é submetido a uma combinação de agentes quimioterápicos, visando restabelecer de forma rápida a produção normal de células pela medula óssea.

Ocorrendo a normalização das células sanguíneas, bem como a presença de menos de 5% de Blastos na medula óssea, o paciente é considerado em remissão da doença. 60 a 80% dos pacientes adultos (até 60 anos) apresentarão essa resposta, e deverão ser submetidos ao tratamento de consolidação.

A consolidação visa manter esta resposta, destruindo as células doentes que sobreviveram à indução e que muitas vezes não aparecem nos exames de reavaliação. Praticamente a totalidade dos pacientes que não realizarem um tratamento adicional irão recair da doença em 4 a 8 meses.

Este segundo tratamento poder ser realizado de três formas:

Consolidação quimioterápica, transplante autólogo de medula óssea e transplante alogênico de medula óssea, transplante de células tronco hematopoiéticas.

A escolha entre os tratamentos vai depender de uma série de fatores como a estratificação de risco inicial da doença, características do paciente como idade e doenças associadas, a resposta que o paciente apresentou na indução (ex: toxicidade, número de ciclos) e a disponibilidade de doadores de medula óssea.

Os pacientes de baixo risco se beneficiam de tratamento quimioterápico de consolidação ou do transplante autólogo.

Pacientes de alto risco ao diagnóstico, falha em atingir remissão após um ciclo de indução e aqueles em recaída da doença tem como melhor tratamento a realização de transplante alogênico de medula óssea.

Já aqueles de risco intermediário podem apresentar benefício tanto na realização de quimioterapia, transplante autólogo ou transplante alogênico, transplante de células tronco hematopoiéticas, nestes casos, características do paciente, presença de doador e impressão médica serão essenciais para a determinação de qual a melhor escolha de tratamento.

A Leucemia Mielóide Aguda (LMA) é uma doença rara, agressiva e que acomete de forma rápida e grave na sua grande maioria uma população previamente saudável e ativa. A combinação de diagnóstico rápido e preciso, tratamento adequado e uma equipe especializada são os pilares do controle e cura da doença.

 

* Médica Hematologista pela Universidade de São Paulo, membro da equipe Bio Sana`s de Hematologia e IBCC (Instituto Brasileiro de Controle do Câncer) de hematologia, Transplante de Medula Óssea (TMO) e Transplante de Células Tronco Hematopoiéticas (TCTH). 

 

Referências:

[1] Wintrobe’s Clinical Hematology - 13 edition

[2] Peterson L, Bloomfield CD, Döhner H, Niemeyer C, Godley L. Myeloid Neoplasms with Germline Predisposition. In: World Health Organization Classification of Tumours of Haematopoietic and Lymphoid Tissues (update to 4th Edition)

[3] Mrózek K, Marcucci G, Nicolet D, et al. Prognostic significance of the European LeukemiaNet standardized system for reporting cytogenetic and molecular alterations in adults with acute myeloid leukemia. J Clin Oncol. 2012;30(36):4515-4523.

[4] Döhner H, Este EH, et al. Diagnosis and management of acute myeloid leukemia in adults: recommendation from an international expert panel, on  behalf of the European LeukemiaNet. Blood 2016; 733:196

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