REDOME – Registro Nacional de Doadores Voluntários de Medula Óssea por Dr. Roberto Luiz da Silva*
No período de 07 a 09 de junho de 2017, o médico hematologista responsável pela equipe de Transplante de Medula Óssea (TMO) do Instituto Brasileiro de Controle do Câncer (IBCC) e da equipe de transplante de células-tronco hematopoéticas da BIO SANA’S, Dr. Roberto Luiz da Silva, esteve representando o IBCC no décimo encontro do Registro Nacional de Doadores Voluntários de Medula Óssea e bancos de sangue de cordão umbilical no Rio de Janeiro.
Neste encontro foram discutidas estratégias para que os centros de transplante possam agilizar seus processos e coletar um número maior de medulas ósseas, favorecendo que um número maior de pacientes possa ser tratado em menor tempo, contribuindo para reduzir a recidiva de doenças.
Também foi discutida amplamente a criação de um registro nacional que possa demonstrar estatisticamente os números dos transplantes realizados no Brasil, assim como os resultados destes transplantes. Um pequeno número de centros nacionais realizam notificação a nível internacional dos seus transplantes, a exemplo do que vem fazendo o IBCC, que notifica todos os seus transplantes para o CIBMTR (Center for International Blood and Marrow Transplant Research). O REDOME e o Sistema Nacional de Transplante (SNT), querem que todos os serviços de transplantes brasileiros realizem este registro e que, se possível, esta plataforma seja conectada com as plataformas internacionais. Com isto, teremos uma maior avaliação de resultados e controle de qualidade de todos os centros habilitados a realizar transplante de medula óssea.
O Registro Nacional de Doadores Voluntários de Medula Óssea (REDOME), foi criado em 1993 em São Paulo, para reunir informações de pessoas dispostas a doar medula óssea para os pacientes que precisam de um transplante de medula óssea (TMO) e que não tem doadores na família. A partir de 1998, O redome passou a ser coordenado pelo Instituto Nacional do Câncer – INCA - no Rio de Janeiro e atualmente é um dos maiores bancos de medula óssea do mundo com financiamento exclusivamente público pelo Ministério da Saúde.
A cada ano são incluídos mais de 300 mil novos doadores no cadastro do REDOME. Atualmente existem 35 centros de transplante de medula óssea autorizados a realizar o transplante de medula óssea não aparentado (com doadores voluntários) no Brasil , dentre eles, o Instituto Brasileiro de controle do Câncer – IBCC . Graças aos mais de 4 milhões de doadores inscritos no REDOME, muitos pacientes que não possuem doadores na própria família, podem agora ser tratados com o transplante de medula óssea, aumentando assim a chance de cura para pacientes que, até pouco tempo, não tinham expectativa de vida.
Para se tornar um doador, os voluntários devem procurar o hemocentro do seu estado.
O voluntário à doação de medula deverá assinar um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) e preencher uma ficha com informações pessoais. Será retirado apenas 10ml de sangue do candidato e será necessário apresentar um documento de identidade. Será realizado o teste de histocompatibilidade (HLA), exame destinado a identificar suas características genéticas que vão ser cruzadas com os dados de pacientes que necessitam de transplante para determinar sua compatibilidade. Os seus dados serão registrados no REDOME e quando houver um paciente com possível compatibilidade, você será consultado para decidir se doará ou não. Por este motivo, os seus dados deverão estar sempre atualizados.
Para seguir com o processo de doação, caso você seja compatível com qualquer paciente que necessite em qualquer lugar do mundo, serão necessários outros exames para confirmar a compatiblidade e uma avaliação clínica detalhada para saber se você possui condições para doar.
Somente após todas estas etapas concluídas o doador poderá ser considerado apto a realizar a doação.
O doador não terá qualquer tipo de custo e o REDOME será responsável por todos os trâmites para coleta da medula.
Quem pode doar?
Para ser um doador de medula óssea, o doador deverá:
-ter entre 18 e 55 anos
-estar em bom estado geral de saúde
-não ter doença infecto contagiosa ou incapacitante.
-não apresentar doença neoplásica (câncer), hematológica (do sangue) ou do sistema imunológico.
-algumas complicações de saúde não são impeditivas para a doação, sendo analisadas caso a caso.
Como é feito a doação ?
A doação é um procedimento que se faz no centro cirúrgico, sob anestesia geral ou peri-dural e requer internação de 24hs. A medula é retirada de dentro do osso da bacia por meio de 2 a 3 punções em cada lado. A medula óssea do doador se recompõe em 15 dias. Nos primeiros 3 dias após a doação pode haver desconforto localizado leve a moderado que normalmente desaparece com analgésicos simples.
Há um outro método de doação que chamamos de coleta por aférese de sangue periférico. Neste caso o doador faz uso de uma medicação chamada GCSF por 5 dias para fazer as células da medula (células tronco hematopoiéticas) saírem e circularem no sangue periférico. Neste caso, não há necessidade de anestesia e nem mesmo de internação e o procedimento é realizado em um setor do hospital dia/ banco de sangue, através de uma máquina de aférese.
A decisão sobre o método de doação mais adequado é exclusiva dos médicos assistentes, tanto do paciente quanto do doador, e será avaliada em cada caso.
Onde se pode cadastrar a candidato para doador de medula óssea :
-Nos hemocentros localizados em todo o país.
Em São Paulo: Telefone 011 21767000 (Ramal 7249)
Rua Marques de Itu, 579 Vila Buarque, São Paulo- SP 1223-001
* Médico Hematologista pela USP, especialista em Transplante de Medula Óssea (TMO) e coordenador do serviço de Transplante de Células-Tronco Hematopoiéticas (TCTH) e Hematologia do IBCC e da equipe BIO SANA’S de transplante de medula óssea.