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Equipe da BIO SANA`S e IBCC (Instituto Brasileiro do Controle do Câncer) participa do 14 - ICML (International Conference on Malignant Lymphoma) por Dra. Maria Cristina Martins de Almeida Macedo *

Equipe da BIO SANA`S e IBCC (Instituto Brasileiro do Controle do Câncer) participa do 14 - ICML (International Conference on Malignant Lymphoma) por Dra. Maria Cristina Martins de Almeida Macedo *
Equipe da BIO SANA`S e IBCC (Instituto Brasileiro do Controle do Câncer) participa do 14 - ICML (International Conference on Malignant Lymphoma) por Dra. Maria Cristina Martins de Almeida Macedo *

De 14 a 17 de junho de 2017 ocorreu, em Lugano, Suíça, o 14º evento do ICML (International Conference on Malignant Lymphoma). Este evento é o mais importante congresso voltado exclusivamente às doenças linfoproliferativas malignas (Linfoma Hodgkin (LH), Linfoma Não Hodgkin (LNH), Leucemia Linfoide Crônica (LLC)). Acontece a cada 2 anos e sempre na encantadora cidade de Lugano, Suíça Italiana e neste ano pudemos participar através da representatividade da Dra. Maria Cristina Martins de Almeida Macedo.

Os linfomas são tumores malignos que acometem o sistema linfático (gânglios, amígdalas, timo, fígado, baço, medula óssea, etc). O sistema linfático está em todo o organismo, portanto, linfomas podem surgir em potencialmente todos os órgãos. Os linfomas são divididos em Linfomas Não Hodgkin (LNH) (temos mais de 40 subtipos nesta categoria) e Linfoma Hodgkin (LH). A Leucemia Linfoide Crônica (LLC) pertence à categoria das linfoproliferações malignas indolentes.

Os 4 principais temas abordados foram: imunoterapia, novos conceitos de ciência básica relacionada aos linfomas, atualização de complicações e resultados tardios dos pacientes tratados de Linfomas e novas combinações de drogas. Estamos vivenciando um período muito produtivo no que se refere ao desenvolvimento de novas drogas, com ações diferentes das tradicionais quimioterapias, que utilizam “mecanismos alvo”, ou seja, tentam atuar em pontos específicos do maquinário celular e, principalmente, utilizam o próprio sistema imunológico do paciente para combater as células doentes do linfoma.  A compreensão cada vez mais evidente dos mecanismos de controle de proliferação e da morte das células é que permite o desenvolvimento dessas novas drogas.  No 14-ICML, algumas das drogas já em utilização consagrada, em novas combinações e indicações e outras em desenvolvimento foram citadas: anticorpos monoclonais (rituximab, brentuximab vedotin, obinutuzumab, ofatumumab, etc),  vitamina D, antiPD1 (nivolumab, pembrolizumab, etc), venetoclax, CAR-T c, lenalidomida, bendamustina, etc.

Por outro lado, protocolos mais antigos, já consagrados e utilizados com sucesso no tratamento dos linfomas, foram revisitados. Dados de complicações e evolução dos pacientes há longo prazo (long term follow up) foram apresentados. É o caso, por exemplo, do tratamento radioterápico exclusivo para os linfomas foliculares localizados. Ainda no caso dos linfomas foliculares, foram demonstrados dados do seguimento de longo prazo dos pacientes tratados com o anticorpo monoclonal Rituximab, pioneira das drogas “terapia alvo”, evidenciando a excelente sobrevida livre de doença e a diminuição do risco de transformação desses linfomas de baixo grau para graus mais agressivos.

No que se refere aos Linfomas agressivos, a diferenciação mais clara entre os Linfomas de Grandes Células B Difuso (DLBCL), particularmente o tipo ABC-DLBC, que tem pior resposta à quimioterapia, deve favorecer a associação de drogas alvo aos esquemas quimioterápicos tradicionais, melhorando os resultados. Para o Linfoma do mediastino refratário ou recaído, o uso da droga imunomoduladora antiPD1, pembrolizumab, está sendo avaliada com bons resultados em estudos iniciais.

Há ainda as chamadas CAR-T cels (chimeric antigen receptor-T cel), que mostram resultados muito promissores, segundo os estudos ZUMA e Juliet, com índices de resposta de 99% e 60%, respectivamente, nos linfomas agressivos. As CAR-T são células de defesa contra os tumores laboratorialmente fabricadas. Exigem altíssima tecnologia e ainda estão em desenvolvimento.  

Em relação aos Linfomas Hodgkin (LH), sabemos que é uma doença, em geral, com excelente resultado ao tratamento convencional com ABVD / BEACOPP. Os estudos caminham na direção de modificar a terapia, aumentando ou reduzindo a intensidade do tratamento, baseado nos resultados do PET-CT intermediário. Esse escalonamento ou descalonamento na intensidade do tratamento, respectivamente, aumenta a chance de cura e reduz a toxicidade. O uso do brentuximab vedotin está definido como terapia de resgate em pacientes com LH recaídos e na utilização em manutenção pós Transplante de Medula Óssea (TMO) / Transplante de Células-Tronco Hematopoiéticas (TCTH) autólogo.

Em Leucemia Linfoide Crônica (LLC), destaque para a classificação de risco baseada em critérios clínicos e genéticos que auxiliam a decisão da terapia e, no que se refere à novos esquemas terapêuticos, a resposta surpreendente em pacientes tratados com o novo regime CLL2-BAG, que utiliza tratamento sequencial com bendamustina, obinutuzumab e venetoclax.

Diante de tantas drogas e terapias combinadas, não poderia deixar de haver espaço para a difícil discussão sobre os custos financeiros dos tratamentos das doenças hematológicas.

Por fim, apesar de todas as novidades terapêuticas, na maioria dos casos das doenças linfoproliferativas malignas, o Transplante de Medula Óssea (TMO) / Transplante de Células- Tronco Hematopoiéticas (TCTH) autólogo e/ou alogênico permanece importante no arsenal terapêutico. Para os melhores resultados é importante a adequada seleção dos pacientes quanto ao tipo de linfoma, do momento certo para a realização dos Transplantes de Medula Óssea (TMO) e escolha do tipo e intensidade de condicionamento. 

 

* Dra. Em Hematologia pela USP e coordenadora do serviço de Hematologia e Transplante de Medula Óssea (TMO) da BIO SANA`S e serviço de Transplante de Células-Tronco Hematopoiéticas (TCTH) do IBCC (Instituto Brasileiro do Controle do Câncer).

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